Vacinas – um tema muito discutido

Vacinas são necessárias? Um tema muito discutido.

Elas são perigosas? São somente o grande negócio de multinacionais?

 

 

A vacina doe pouco. Ao contrário da doença: esta pode causar danos irreversíveis

 

 

“Se você não quer ser vacinado – aceite a doença”.
“Não é preciso vacinar todas suas crianças – somente estes, que quer poupar”.

 

Aprendi estas frases bem mais de 45 anos atrás como estudante nas palestras de microbiologia. Elas são muito verdadeiras. Agora, nesta época de desinformação sobre vacinas por meio do internet, estas frases são novamente muito atuais.

Tinha sarampo na infância, teve sorte, saí ileso. Mas não me lembro mais. Só sei, que minha mãe teve muita preocupação e muito trabalho. Contra esta doença não houve ainda vacina.

Somente quando trabalhei a primeira vez aqui no Brasil, conheci o sarampo verdadeiro no dia-a-dia da minha vida de médico. Neste tempo a doença foi praticamente extinta no meu país Alemanha. Mas aqui no Brasil ela matou ainda muitas crianças – facilitada pela desnutrição das crianças. Muito sofrimento, muita morte desnecessária. Conheci também muitos casos com sequelas de poliomielite em crianças e adultos.

Mais tarde o Brasil começou um programa exemplar de vacinação, admirado pelo mundo todo. Muitas doenças preveníveis desapareceram pelas vacinas.

O sarampo voltou hoje em surtos brutais na Europa e recomeçou de aparecer no Brasil. A causa principal é a ignorância, a falta de conhecimento científico, de pessoas que acreditam mais nos boatos dos inimigos de vacina que na ciência exata. Poliomielite não voltou ainda na Europa, mas reapareceu já em países como p.ex. Afeganistão, onde radicais religiosos proíbem as vacinas.

 

O que é uma vacina?

A vacina é a antecipação inofensiva de uma doença infecciosa com potencial de prejudicar o corpo. Um componente inativado ou enfraquecido de um agente nocivo, de bactéria ou de vírus. Pela vacina introduzimos este componente num músculo ou na pele. Para aumentar a resposta natural do corpo, um intensificador está adicionado a este componente estranho.

O nosso corpo não permite sustâncias estranhas dentro de si mesmo e como sempre vai atacar a sustância estranha. O intensificador assegura, que esta resposta corporal seja suficiente para a criação de anticorpos.

 

“Vacinas são as doenças antecipadas na sua forma mais suave.”

 

A resposta natural do corpo para defesa e cura consiste numa reação uniforme chamada inflamação.
Num único dia comum acontece esta cura milhares de vezes, p.ex. para reparar pequenos vasos, machucações etc. O corpo não sabe se curar por outro caminho.
O que é inflamação: primeiro vem as células gari que tiram os lixos e limpam a área. Depois vem as células pedreiros, os construtores, que reparam o dano. E por fim vem as células pintores que deixam tudo, como se nunca tivesse acontecido algum dano.

 

Somente pelo caminho de inflamação cura-se o corpo e induz a produção de anticorpos válidos.
Esta resposta do corpo não deve ser confundida com uma reação de intolerância. Uma inchação e dores leves no local da injeção ou uma febre leve são consideradas como reações normais. Em crianças muito pequenas com sistema imunitário ainda menos experimentado pode ter uma febre até mais alta.
Caso a vacina sejá aplicada bem profundamente no músculo, a reação será menos dolorosa que quando aplicada erroneamente como injeção subcutânea.

 

Aqui os argumentos mais usados contra vacinas:

 

“Claro, somente pode ser a ganância irresponsável, um complô entre a indústria farmacêutica e médicos ávidos e subornados. Você não conhece eles?”

“A própria doença é menos perigosa que a vacina. Eu já teve ela. E olhe como estou bem.”

Você acredita nisto? Você acha mesmo verdade, que nós médicos todos estamos somente interessados em ganhar dinheiro e fazer mal aos nossos pacientes?

Parcialmente entendível, que leigos acreditam nos boatos, pois quando as doenças estão controladas, elas não aparecem mais. Facilmente pode-se achar, que elas não existem mais, que vacinas são desnecessárias. E quem não tem medo de injeções?

 

A vacina pode fazer mal na minha criança?

Caso a criança tenha uma doença que enfraquece o sistema imunitário como p.ex. HIV, fale com o infectologista. Muitas vacinas podem ser aplicadas, umas poucas não.
Intolerância a um dos componentes da vacina pode provocar uma reação de intolerância. Estas reações são raríssimas. Sempre informe seu médico antes. Ele sabe o que a vacina em questão contém.

O médico sempre precisa saber também, se a criança está saudável no dia da vacinação. Caso que tenha um resfriado, não deixe vacinar. A criança pode ser vacinada em outro dia. Assim evitarémos enganos sobre vacinas e ma fama.

Pense bem: Todo dia o nosso corpo tem contato com inúmeras bactérias e vírus. O contato com estes agentes provoca uma reação da defesa para o organismo não adoecer. Antes de poder criar defesas específicas como p.ex. anticorpos o corpo está relativamente exposto aos efeitos nocivos e pode sofrer sérios danos físicos.

 

Não é verdade, que o Squalen é uma sustância perigosa, que vem do tubarão?

Como sempre: meia-verdade! Squalen foi detectado no começo do século passado por um cientista japonês no organismo de tubarões. Eles tem no seu corpo mais Squalen que outras animais. Pessoas até compram cápsulas de Squalen pela fama enganosa, que o tubarão não desenvolve câncer. Mas raras vezes ele desenvolve câncer.

Hoje sabemos que qualquer animal superior produz Squalen, naturalmente também nos humanos. Squalen é um produto intermediano no metabolismo químico dentro de cada célula humana para formar o colesterol, sustância básica indispensável para gerar nossos hormônios. Colocado o Squalen em concentração maior num local do corpo, junto com o agente de vacina, provoca ele uma resposta imunitária mais intensa porém desejada, os anticorpos.

 

Como é com o alumínio nas vacinas?

Alumínio não causa a doença de Alzheimer, a demência? – Meia-verdade! Verdade é que em cérebros de pessoas que morreram pela doença de Alzheimer, foi encontrado mais alumínio que em cérebros de pessoas sem esta doença. O cientistas de neurologia acham, que o alumínio não é a causa da demência, como o dedo marrom do fumador somente significa que ele fuma.
A taxa elevada de alumínio é com grande probabilidade a consequência de retenção de lixo celular: estudos sugerem, que a causa de demência é uma falha no mecanismo de autolimpamento do cérebro. A remoção de proteínas velhas ou mal feitas e assim também a remoção de alumínio funciona direito mais não.
Também ingerimos cada dia quantias muito maiores de alumínio na nossa comida que a quanti ínfima, que pode ser encontrada em certas vacinas.

 

E as pragas não tinham já diminuído antes das vacinas?

Sim, devido ao melhor conhecimento do assunto pela ciência: Foram as tentativas de melhorar a higiene, depois que Robert Koch detectou as bactérias como causadores de doenças. p.ex. na água. Fornecendo água potável e limpa para as comunidades, certas pragas realmente já diminuíram, mas não desapareceram.

Aprendi durante meu estudo de medicina sobre as grandes epidemias do passado, p.ex. sobre a peste, que matou na Europa nos tempos medievais a metade da população. E sobre a varíola, que matou ainda no meu tempo de criança muitas pessoas na Índia. Aprendi nestas aulas, que nossos antepassados no século 19 fizeram filas intermináveis para as crianças receberem a vacina contra varíola.

Já nestes tempos asseguraram os inimigos de vacina do mesmo jeito que as crianças vacinadas se transformariam em monstros de corpo humano com cabeça de gado.
Explicação para a mentira: o médico inglês Jenner tinha observado, que camponeses ordenhadores de leite, após se infectarem com a varíola de gado ao tirar o leite dos animais, não adoeceram mais da varíola humana, que matou tanta gente. A primeira vacina contra varíola humana foi simplesmente o soro de pústulas de varíola de animais, adoentados com esta doença.

Esta observação genial foi o começo das vacinas contra doenças.

 

Hoje tem até médicos que conhecem sarampo e poliomielite somente pelos livros ou vídeos de ensino.

 

 

Mas pelo menos a grande maioria dos médicos sabe, que essas doenças continuam existir

Estas doenças são somente controláveis, se 90 a 95% da população receberam a vacina protetora. Os restantes 5 a 10% vivem então sob proteção dos vacinados: nestas condições uma doença não se pode mais espalhar, já falha na próxima pessoa vacinada.

 

 

O sarampo
é uma doença causada por virus. Ela começa com febre. No quarto dia baixa a temperatura, aí aparecem erupções cutâneas, acompanhadas de nova alta de febre. A doença causa uma fraqueza corporal enorme, ataca o sistema imunitário, pode causar pneumonias e inflamações neurológicas como encefalite e em consequência a morte. Muito temidas as sequelas cerebrais que encurtam a vida.
Já que o vírus é altamente contagioso, são  as crianças as mais afetadas. Não existe um tratamento específico.

 

 

Poliomielite
também é causada por um vírus. Uma vez adoentado, somente tem tratamento sintomático para o paciente. Todo mundo aqui no Brasil conhece ainda pessoas com as sequelas de poliomielite.
A infecção acontece por contaminação fecal ou via urina contaminada. O vírus ataca aqueles nervos que mandam sinais para os músculos. Por destruição destes nervos podem resultar paralisações permanentes dos membros. Caso que a musculatura do tórax e diafragma está afetada, o paciente pode se asfixar, se não tratado com respiração mecânica continuada para o resto da vida.
Pela vacinação em gotas imitamos o caminho de infecção natural via intestino. A vacina é assim bastante eficiente, pois também outras pessoas serão silenciosamente vacinadas por contaminação fecal involuntária. Somente em países, onde essa doença está completamente desaparecida, recomenda-se a vacina por injeção, ou como reforço a cada 10 anos. Pois também a pólio pode ser adquirida várias vezes durante a vida.

 

O tétano
é uma doença causada por uma bactéria (Clostridium tetani). Em todos os séculos passados, em todas as guerras anteriores, foi o tétano uma doença mortal importantíssima. A bactéria encontra-se na terra do jardim, da roça, na sujeira, e entra por feridas no corpo do humano. A toxina desta bactéria causa espasmos musculares que finalmente impossibilitam o paciente de respirar.

 

 

O doente por tétano precisa tratamento na UTI durante aproximadamente 6 semanas. A musculatura dele será relaxada completamente, assim que ele nem pode abrir ou fechar os olhos nem movimentar um dedo. É preciso manter o paciente em respiração mecânica até que a endotoxina seja neutralizada. Caso que a pessoa sobreviva, precisa reforço com vacina antitetânica a cada 10 anos. Pois com a próxima contaminação traumática o tétano pode voltar.

 

Coqueluche
também é uma doença causada por uma bactéria (Bordetella pertussis). Por causa do contágio fácil principalmente as crianças são afetadas. Caso que elas adoecem antes de completar seu primeiro ano, o perigo de morrer por complicações da doença é grande. Nos tempos, quando a doença circulava livremente, a reinfecção anual dos maiores com coqueluche estava garantida. Achávamos por isto, que coqueluche pode ser adquirida somente uma vez na vida. Mas vemos hoje a doença voltar nos adultos após os 35-40 anos de vida, causando tosse durante muitas semanas, no caso pior pneumonias ou maiores complicações. A causa é, que não acontece mais a reinfecção silenciosa, pois mais crianças estão vacinadas e não transmitem mais a doença. E assim não temos mais novos anticorpos produzidos como resposta do sistema imunitário.

 

Estas enfermidades, entre outras, podem ser evitadas e eradicadas com a vacina. No meu trabalho de dia-a-dia vejo, que a maioria dos pacientes não tem nenhuma noção da importância das vacinas.

 

O sistema imunitário envelhece como o resto do corpo (imunosenescência).

 

O número de células progenitoras diminui, a resposta a agressões como p.ex. infecções será mais fraca. Todos os estudos mostram, que cada vacina funciona como um empurrão no sistema imunitário: após uma vacina fica o sistema durante um bom tempo mais despertado, mais disposto a reagir adequadamente.

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define vacinas como o segundo item mais importante para a saúde de humanos, logo depois de água potável limpa.

 

“A forma menos dolorosa de tratar uma doença chama-se vacinar”.

 

 

 

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