Poda neuronal – não conheço mais meu filho…

 

Não conheço mais meu filho…

Poda neuronal – o que acontece na puberdade

 

 

“O que Joãozinho não aprende, João jamais aprenderá.”

O tempo de puberdade pode ser difícil para os dois lados

Este ditado popular, conhecido no povo alemão, tem muito sentido. Sabe-se, que a criança desenvolve no seu cérebro já antes do nascimento e especialmente depois inúmeros caminhos neuronais, prontos para serem usados. No primeiro ano de vida mais que no resto da infância toda. A boa ou ma alimentação influencia a qualidade deste desenvolvimento.

Dependendo da vida que a criança encontra, dos muitos ou poucos estímulos que ela recebe, uns caminhos neuronais serão frequentemente usados, outros poucas vezes ou nunca.

Quando esta criança chega à puberdade e o corpo dela se prepara para a transformação em corpo de adulto, o cérebro começa se transformar em um estaleiro de grande dimensão, a chamada poda neuronal ou poda cerebral.

O sentido desta poda é o preparo perfeito para todas as situações de vida já vividas e conhecidas, aumentando ao máximo as conexões e interligações entre os nervos mais usados (aumento da massa de substância cinza) e ampliando os caminhos neuronais que a criança já usou durante toda sua vida, transformando “trilhos estreitos em autopistas com múltiplas faixas largas” (aumento da massa de substância branca), eliminando conexões que nunca ou poucas vezes foram usadas.

Assim será este indivíduo bem preparado para sua vida já acostumada em certo ambiente. Daí também a frase do Joãozinho.

 

No começo da puberdade os jovens aumentam sua velocidade de pensar ao mesmo nível dos adultos.

A capacidade cerebral, essa de processar informações, chega por esta transformação ao seu máximo individual, capacitando o indivíduo para a vida e para o ambiente que lhe espera.

 

Esta transformação cerebral é um processo doloroso para os jovens e especialmente para seus pais.

O cérebro começa se transformar na ordem como se desenvolveu durante centenas de milhões de anos. Tem partes neste estaleiro, que precisam primeiro ganhar sua forma definitiva antes de fazer parte do conjunto. Diferentes fases de transformação terminam em diferentes tempos. Assim não funcionam todos os centros importantes logo ao mesmo tempo.

Primeiro se transformam as partes do cérebro necessárias para o controle de movimentos, para a cognição, orientação e linguagem. Infelizmente se desenvolve a parte necessária para o controle de emoções, para o pensamento adulto, racional e mais calmo, somente na fase final deste processo de aperfeiçoamento: esta parte frontal do cérebro desenvolveu-se nos humanos por último. É essa, que nos deixa ser o real homo sapiens.

 

Antes do amadurecimento do cérebro frontal acontecer, pode-se transformar a psique dos jovens de uma maneira não mais entendível para os pais. Pode ser que estes não conhecem mais seus filhos.

A sequência com que se transformam os diferentes centros, influencia também o centro de emoções, o chamado sistema límbico, e assim emoções e comportamento dos jovens. No começo da poda neuronal destes jovens existe no centro de emoções uma falta relativa de receptores para Dopamina, hormônio que permite sentir felicidade e satisfação. A falta relativa de Dopamina causa tristeza, angústia e insatisfação.

 

Os jovens reagem impulsivos, irracionais, com comportamento arriscado, prontos para quebrar regras.

Nesta fase de vida eles são altamente vulneráveis, muito mais que na vida posterior. Querem tudo sim, e tudo na hora. Arriscam-se no trânsito, usam possivelmente álcool e drogas. Num momento estão na maior tristeza, sem poder perceber algum sentido na vida, no próximo momento são inexplicavelmente felizes, abraçando com fervor seus pais, que pouco antes odiavam.

Estímulos comuns, como p.ex. uma comida boa ou um encontro com amigos da família, podem aborrecê-los. Ao outro lado eles precisam dos seus próprios amigos. Privações de contato durante a adolescência impactam o cérebro e o comportamento social nesta fase mais do que em outras faixas etárias. E uns precisam possivelmente do “thrill”, da emoção exagerada, para se sentir a vontade.

Meninos são em geral mais afetados, mais difíceis que as meninas. Sofrem mais calados e suas reações são por isto menos previsíveis.

 

Os pais costumam tentar de entender seus filhos, mas não conseguem, sendo estes de repente pessoas completamente desconhecidas, diferentes, incompreensíveis, não racionais. Os jovens querem encontrar seu lugar na vida, querem saber seu próprio valor, sentem-se ainda inseguros e são por esta causa muitas vezes demais medrosos ou demais agressivos.

 

Resta para os pais acompanhar os filhos por esta fase difícil da vida com muita paciência, com muito diálogo, com seu amor inquebrável, mostrando assim sua solidariedade e compaixão.

Mas também colocando regras bem entendíveis, claras e justas, apontando cada vez, que obedecer as regras sociais é preciso para a boa convivência, para uma vida social satisfatória e exitosa.

 

O caminho mais errado é a tentativa dos pais de tirar todas as dificuldades, todas as pedras do caminho dos filhos, na escola, na universidade ou em outros lugares de possíveis conflitos.

Os pais não devem resolver a vida dos filhos. Como os filhos podem aprender, se os pais se colocam sempre na frente? Se falam sempre em vez de deixar os filhos falarem? Se sempre defendem eles sem permitir que estes se defendam? Como os filhos podem assim aprender de enfrentar com versatilidade todas as dificuldades que a vida traz?

 

É essencial resistir a este instinto paternal de proteger a cria nesta fase de vida dos jovens.

Lembremos que a educação dos pais para seus filhos deve descrever a vida real com todas suas regras, com todas suas frustrações, para o jovem aprender de tolerar frustrações e superar dificuldades. A única diferença é, que apesar das crueldades que a vida apresenta para o filho, existe o ambiente familiar, com o amor e a paciência dos pais. Protegidos e amados assim os jovens poderão desenvolver uma tolerância sólida e firmeza interna.

 

Lembre-se também desta frase: “Tempos difíceis criam homens fortes. Homens fortes criam filhos fracos. Filhos fracos criam tempos difíceis…

 

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