Como trabalha a nossa defesa – parte 2

Como trabalha a nossa defesa – parte 2

Tudo que você quer saber sobre as três líneas de defesa do corpo humano

 

“Temos um sistema imunitário maravilhoso, cientificamente ainda não por completo entendido, mas que funciona perfeitamente caso nós mesmos não travamos ele… ”                                                   (Dr. Scholber, colega alemão)

 

A defesa corporal exige desempenho máximo do sistema imunitário

Na parte 1 expliquei, que estamos rodeados de uma infinidade de bactérias, vírus, fungos e parasitos potencialmente perigosos que querem viver acima e dentro do nosso corpo, pois ele oferece temperatura agradável, umidade e comida em abundância. Somos a cobaia perfeita para eles. Mas muitos podem fazer mal a nossa saúde ou nos matar.

Para todo ser vivo a natureza quer somente estas duas coisas: que o indivíduo possa buscar seu sustento e que procrie.

Para poder se defender, viver e procriar a natureza desenvolveu para nos humanos e outros mamíferos um sistema de defesa sofisticadíssimo.

No nosso corpo, na pele e em cada cavidade, convive com nós uma infinidade de espécies ambientais, a microbiota, que se alimenta de nós e oferece em troca produtos úteis ou necessários para nossa saúde. Estas espécies são tolerados e até promovidos pela nossa defesa.

O uso irracional de antibióticos pode estragar a diversidade deles e assim prejudicar nossa saúde.

 

Temos dois sistemas de defesa, o sistema imunitário inato ou não especifico e o sistema imunitário adquirido

O sistema inato funciona desde o primeiro dia de vida. Oferece uma boa segurança básica. O sistema inato ativa  o sistema imunitário adquirido em caso de necessidade.

Bem mais sofisticado, adaptável e eficiente trabalha o sistema adquirido. Durante a vida toda a cada momento em contato com os germes mais variados, o sistema aprende de se defender com as medidas mais eficazes.

O sistema inato e o sistema adquirido estão em contato permanente, se complementando e ajudando um ao outro.

 

As três líneas de defesa do nosso sistema imunitário

 

NK-cell. Tem aparência de outros linfócitos, mas faz parte do sistema inato – © Wikipedia

O sistema inato, não específico, tem duas líneas de defesa

Pele e mucosas representam a primeira  barreira mecânica quase impermeável para muitos invasores. Saliva e lagrimas contém enzimas que matam germes. A mucosa das vias aéreas tem apesar da flora protetora local na sua superfície cabelinhos móveis que transportam catarro e sujeira para acima e que serão jogados para fora por espirro e tosse. No ácido do estômago fracassa um monte de germes não desejáveis ou perigosos para o nosso intestino.

A segunda línea está representada por células fagócitos, verdadeiros gari, que tiram o lixo p.ex. após traumatismos. Os macrófagos já são de outro calibre, comparável com uma tropa de choque da polícia. Eles agridem e devoram agentes estranhos.

As células exterminadoras naturais (Natural Killer Cells, NK-cells) agridem intrusos e estranhos, matam e dissolvem (lise). O trabalho principal deles é a destruição espontânea de bactérias e células cancerosas. Não precisam ativação por um antigênio (veja abaixo).

Importante saber que o sistema imunitário inato não desenvolve memória alguma.

 

O sistema imunitário adquirido representa a terceira línea

Caso que o sistema inato não consegue superar um intruso, ativa-se o sistema adaptativo, adquirido. Este sistema não elimina todo estranho indiscriminadamente. Ao contrário produz uma resposta específica contra um germe determinado. Este sistema treina-se em contato com os germes mais variados e faz diferença entre agentes estranhos inofensivos e estranhos perigosos. Este sistema de defesa desenvolve uma memória. Falta de treino deixa a defesa adquirida facilmente falhar.

 

Estas células especializadas fazem parte dos atores do sistema imunitário

 

O sistema imunitário adquirido forma-se de outro tipo de leucócitos, dos linfócitos do tipo B e T.

Linfócitos do tipo B foram encontrados primeiro num órgão de pássaro, na Bursa de Fabricius, daí vem o nome linfócito “B”. Em nós eles são produzidos na medula óssea. Juntam-se depois em gânglios linfáticos e no baço.

O trabalho principal deles é a produção de anticorpos. Em contato com um agente patógeno eles produzem anticorpos específicos que combinam como a chave com a fechadura com estruturas na superfície do agente nocivo. Tem linfócitos com os anticorpos fixados na sua superfície. E por outro tipo de linfócitos-B, os plasmócitos, tem anticorpos segregados no soro.

Um conjunto antigênio-anticorpo é sempre o sinal para ativar células do tipo fagócitos. Eles destroem e devoram o complexo antigênio-anticorpo.

 

Linfócito T – © Wikipedia

Linfócitos do tipo “T” representam 70% das células brancas, dos leucócitos.

Todos eles carregam na sua superfície um antigênio com o nome CD3, por isto falamos de CD3 positivo (CD3+).

Tem subgrupos que podem ser diferenciados por mais antigênios na sua superfície (CD4, CD8, CD 16, CD 56, DR). Caso que p.ex. um linfócito carrega também o antigênio CD4, fala-se corretamente de linfócitos (CD3 positivo e CD4 positivo), de (CD3+ e CD4+) ou simplesmente de CD4+.

O “T” do seu nome vem do lugar, pelo qual todos eles tem que passar, do timo, um órgão muito pequeno atrás do esterno. O timo é um tipo de escola. Linfócitos novinhos são obrigados a passar por ele para ser testados, se eles respeitam as estruturas próprias do corpo que encontrarão e quais as estruturas que em oportunidade nenhuma podem ser agredidas. O linfócito que não respeita um tipo de tecido, será imediatamente executado.

Mas como na vida real existem alunos que parecem saber tudo e em realidade não aprenderam bem: infelizmente estes podem escapar e na sua vida posterior e agredir estruturas próprias. Aí falamos de doenças autoagressivas.

Alergias são reações exageradas do sistema imunitário que fazem o paciente adoecer, quando ele entra em contato com sustâncias estranhas do ambiente que normalmente não tem potencial de fazer doente.
Desenvolver alergias é frequentemente favorecido pela herança genética. Suspeita-se que a poluição do ar pelas indústrias,  o tráfego intenso nas ruas, o tabagismo e higiene exagerada no tempo de infância podem promover alergias.

Aqui uns exemplos de doenças autoagressivas: a tireoidite Hashimoto, mais comum em mulheres, o Diabetes mellitus tipo 1 das crianças e jovens, a insuficiência da glândula suprarenal Addison, a intolerância a Glúten, o Lupus Eritematoso, a Artrite Reumatoide, a Esclerose Multipla, a Colite Ulcerosa e a Psoriase.

As células do tipo T  tem um papel importante na defesa contra vírus, fungos, bactérias e células cancerosas. São também responsáveis por incompatibilidade de órgãos transplantados e são a causa de certas alergias.

 

Existem três grupos de linfócitos do tipo T: Os T- auxiliadores (inglês: T-helper) , os T-supressores e os T-citotóxicos

Os T-auxiliadores (CD3+ e CD4+ ou simplesmente CD4+) tem a função chave na defesa imunitária: eles controlam fragmentos de proteína, apresentados pelos macrófagos, e decidem se é preciso ativar-se e iniciar uma resposta imunitária.
Caso que for preciso, linfócitos T-auxiliadores ativados entram em contato com linfócitos do tipo B (para iniciar a produção de anticorpos), com células exterminadoras naturais (NK-cells do sistema inato) e com T-citotóxicos para agredir e destruir estruturas estranhas diretamente. Os restos dos agressores destruídos serão devorados pelos fagócitos, os gari.

Os T-supressores (CD3+ e CD8+ ou simplesmente CD8+) controlam e limitam a resposta imunitária, modulando a função dos linfócitos B e T, p.ex. freando a produção excessiva de anticorpos ou regulando a interação entre T-auxiliadores e B-linfócitos.

Os CD8+ controlam também todas as proteínas produzidas pelas células humanas. Para esta finalidade cada célula apresenta um pequeno fragmento das proteínas por ela produzidas. Caso que o linfócito T-supressor CD8+ reconhece uma parte do fragmento como estranho, p.ex. por fazer parte da capa de um vírus, ele mata esta célula e alerta todo sistema imunitário mediante de sustâncias mensageiras (citocinas).

Ao contrário das células exterminadoras naturais (Natural Killer cells do sistema inato) os linfócitos T-citotóxicos precisam do sistema adquirido um antigênio para serem ativados. Linfócitos ativados são nomeados “CD3+ e DR”. Linfócitos citotóxicos, os NK-like T-cells, são nomeados “Cd3+ CD16+” e “CD3+ CD56+”.
A nomenclatura se refere sempre aos nomes dos antigênios, que a superfície deles carrega.

O quociente CD4+/CD8+ descreve a relação quantitativa entre linfócitos T-auxiliadores (CD4+) com linfócitos T-supressores (CD8+). Este quociente e muito importante na avaliação do status de um paciente portador de doença do sistema imunitário.

Um quociente baixo significa que a imunidade é baixa e o organismo facilmente vulnerável, p.ex. quando o sistema é defeituoso desde nascença ou pelo estilo de vida, em caso de HIV/AIDS e em caso de doenças virais como p.ex. hepatite viral.

Um quociente elevado significa que a imunidade é ativa demais, p.ex. em doenças autoagressivas como a artrite reumatoide, em certos linfomas (câncer do sistema imunitário) ou na sarcoidose.

 

Como manter o sistema imunitário em condições bons?

Lembre-se do que disse no começo deste artigo: a natureza criou nos para poder buscar comida e procriar. Caso que não sentimos fome e ficam por isto em “modo de preguiça“, o corpo adoece com grande probabilidade pela chegada das doenças civilizatórias.

Aqui as quatro condições ara deixar a defesa forte:

  1. Evitar poluentes e agentes nocivos
  2. Bastante atividade física
  3. Alimentação boa, adequada aos nossos genes
  4. O suficiente de tempo de regeneração

 

 

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